Seja Bem Vindo!

Poemas 1.a


Soneto do Amor Total

Vinicius de Moraes

 Amo-te tanto, meu amor
 Não cante o humano coração com mais verdade
 Amo-te como amigo e como amante
 Numa sempre diversa realidade 
 Amo-te afim de um calmo amor prestante

 E te amo além presente na saudade
 Amo-te, enfim, com grande liberdade
 Dentro da eternidade e a cada instante

 Amo-te como um bicho simplesmente
 De um amor sem mistério e sem virtude
 Com um desejo maciço e permanente 

 E de te amar assim, muito e amiúde
 É que um dia em teu corpo de repente 
 Hei de morrer de amar mais do que pude...



Idolatria

William Shakespeare

Não chame o meu amor de idolatria
Nem de ídolo realce a quem eu amo 
Pois todo o meu cantar a um só se alia 
E de uma só maneira eu o proclamo 
É hoje e sempre o meu amor galante 
Inalterável em grande excelência 
Por isso, a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença 
"Beleza, bem, verdade", eis o que exprimo
"Beleza, bem, verdade", todo o acento 
E em tal mudança está tudo o que primo 
Em um, três temas de amplo movimento 
"Beleza, bem, verdade" sós outrora 
Num mesmo ser vivem juntos agora.






Te amo e não te amo

Pablo Neruda


Saberás que não te amo e que te amo
Posto que de dois modos é a vida
A palavra é uma asa do silêncio
 O fogo tem uma metade de frio
Eu te amo para começar a amar-te
 Para recomeçar o infinito
E para não deixar de amar-te nunca
 Por isso, não te amo ainda
Te amo e não te amo como se tivesse
 Em minhas mãos as chaves da fortuna
E um incerto destino desafortunado
 Meu amor tem duas vidas para amar-te
Por isso, te amo quando não te amo
 E por isso, te amo quando te amo






As sem-razões do amor

Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo
Não precisas ser amante
E nem sempre sabes sê-lo
Eu te amo porque te amo
Amor é estado de graça
E com amor não se paga
Amor é dado de graça
É semeado no vento
Na cachoeira, no eclipse
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim
Porque amor não se troca
Não se conjuga nem se ama
Porque amor é amor a nada
Feliz e forte em si mesmo
Amor é primo da morte
E da morte vencedor

 Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

Pesquise neste blog

Arquivo